O LOBISOMEM - A REVELAÇÃO
- Erick Contos Gays

- 28 de out. de 2020
- 8 min de leitura
Atualizado: 3 de ago. de 2024

QUARTA - FEIRA,
28 OUTUBRO
Acordei assustado com o coração aos pulos, a partir daí não consegui mais pregar os olhos, fiquei me virando em cima da cama até amanhecer.
Enquanto tomava banho, pude ver que havia alguns arranhões em algumas partes do meu corpo, sem contar também com a terrível dor no corpo devido à queda por a moto ter caído em cima de mim.
Devido o pesadelo eu ficava com a lembrança de sua real aparência.
Sai de casa e fui à cafeteria do Daniel para contar a ele do ocorrido da noite anterior.
A placa ainda estava virada informando que estava fechada, eu toquei a campainha, enquanto eu esperava Daniel aparecer, as lembranças pairava sobre minha cabeça como flashback.
Alguns minutos depois Daniel abriu a porta e eu entrei.
Conversei com ele e contei tudo, falei sobre o aluno novo, o ataque e do pesadelo.
Daniel levava muito a sério tudo o que eu estava contando pra ele, o mesmo me sugeriu que eu investigasse o Ralph, ele era novo na cidade e como ninguém o conhecia era melhor que eu tentasse descobrir algo mais.
Antes de eu ir embora o Daniel me entregou um canivete de prata, disse que eu poderia ficar caso fosse necessário para me defender devido eu ter marcado com Ralph para fazer o trabalho na casa dele.
Guardei o canivete no bolso da calça, e fui para o endereço dado por Ralph.
Chegando ao local estacionei a moto, era um sobradinho antigo numa ruela mal iluminada que abrigava moradores de rua e usuários de droga. Toquei a campainha.
Minutos depois Ralph chegou ao portão, sua aparência exaustiva e olhos carregados de uma noite mal dormida, ele abriu o portão para mim e falou quase que eu não o ouvi nem o entendi.
— Oi Erick tudo tranquilo? Desculpa a demora a vir te atender, é que tive uma noite bem cansativa devido à enxaqueca. Mais pode subir.
Enquanto subíamos os poucos degraus do pequeno lance de escadas íamos caminhando por um corredor estreito e sujo, me veio novamente às lembranças da noite anterior do ataque e do pesadelo.
Chegamos ao hall da casa, um local pouco mobilhado, pelo o que eu pude reparar só alguns cômodos eram utilizados.
A sala e cozinha, um corredor pequeno dava para o quarto e banheiro os demais cômodos estavam fechados com vigas de madeira em formato de xis.
Demos inicio as pesquisas do trabalho e para a minha surpresa, Ralph tinha algumas anotações feitas em seu caderno, porém era tudo relacionado ao licantropo nada sobre a lua e suas fases.
Enquanto eu lia todo o material do Ralph em seu caderno eu comecei a prestar atenção na aparência dele.
Parecia que Ralph não havia dormido na noite anterior, seus olhos estavam fundos cheios de olheiras, os cabelos em desalinho a camiseta regata que ele vestia, notavam-se as costelas aparecendo, provavelmente ele não se alimentava direito apesar do porte físico bem trabalhado, de braços e tórax bem distribuídos. Ralph percebeu que eu o observava e olhando para mim desconfiado falou.
— O que foi? Há algo de errado comigo?
Para tentar disfarçar eu só sorri e disse que ele estava muito dedicado no assunto sobre a besta.
Arqueando a sobrancelha direita, ele sorriu e falou em tom de brincadeira.
— É que eu sou fascinado com esse assunto desde pequeno quando eu ouvia as estórias que o meu avô contava. Principalmente por ter sido o oitavo filho dentre sete irmãs e o meu tio também foi o oitavo filho depois ter tido oito irmãs.
Engoli em seco e me lembrei do que o Daniel tinha me contado.
“Ainda me lembro da estória que meu bisavô contava sobre a sucessão de sete filhas e que nasce o menino sendo ele o oitavo filho tornando-se fera por ser uma maldição vinda de seus antepassados, a besta começava a se transformar a partir do dos dezoito anos, quando se tornava varão. Essa fera só conseguia se livrar da maldição quando se apaixonava por alguém independentemente da orientação sexual ou levasse um tiro com bala de prata ou fosse furado por algo de lâmina de prata.”
Ralph tocou a minha perna e eu gritei assustado.
Ele sorriu e disse com um olhar sombrio e gélido.
— O que foi? Você está distante...
Apertou ainda mais a minha perna e continuou a falar.
— (...) Não vai me dizer que acha que eu sou um capelobo, ou está?
Sorri desconfiado e tirei a mão dele de minha perna e falei que não era o que ele estava pensando, mas que eu ficava imaginando o que se passa na cabeça das vítimas e daquele ser que deveria ser tão solitário.
Ele fez questão de mudarmos o foco da conversa e acabamos dando a atenção maior para o nosso trabalho.
Como a metade do trabalho feito, decidi que estava na hora de ir embora para casa por que já estava quase na hora de ir para a faculdade.
Despedi dele e fui embora, não fui para casa, fui a cafeteria contar tudo ao Daniel que me revelou algo que me deixou ainda mais intrigado.
Mas uma vez uma vítima feita pela besta.
Duas pessoas que eu conhecia tinham estórias semelhantes de vida, Daniel que nunca havia me falado que era o oitavo filho depois de sete irmãs.
Fui para a aula e na entrada vi o Ralph de longe que estava sentado distante de todos, me aproximei dele quando ele falou sem olhar.
— Sai de perto de mim, não se aproxima.
Mesmo ele falando desse jeito, eu continuei indo em sua direção.
Novamente ele falou agora de um jeito mais rude.
— Não se aproxima, vai embora.
Antes que eu chegasse mais perto, Ralph correu em direção ao vestiário.
Eu não poderia deixar de saber o que estava acontecendo com ele e corri atrás.
Chegando ao vestiário todas as luzes estavam apagadas, entrei andando devagar procurando pelo Ralph e cheguei ao final do corredor perto da pia com o espelho, vi o lobisomem de costas o reflexo da imagem do Ralph estampada.
Um formigamento tomou conta dos meus pés me fazendo ficar paralisado, e uma sensação de medo subiu a espinha, fazendo meu coração disparar e as mãos ficarem frias.
Tentei me mexer para fugir, mas devido ao desespero acabei esbarrando sobre o cesto de lixo e fiz barulho e cai.
A fera virou-se para o lado que eu estava e veio farejando.
Ao chegar diante de mim ele montou sobre o meu corpo, sua respiração ofegante e descompassada me causava medo, ele abriu a boca imensa, a criatura tinha mais ou menos uns três metros de altura e deveria pesar uns cento e setenta kg.
Seus olhos vermelhos encontraram os meus por mais que eu tentasse não encará-lo, mas foi devido a isso que me livrei de certo modo.
Ele se afastou de mim e correu para o fundo do vestiário.
Ainda com o corpo tremendo eu levantei do chão e fui a sua procura, e lá estava ele encolhido no canto da parede agora em sua forma humana Ralph estava escondendo-se por vergonha, sua camisa rasgada e as calças também, fui me aproximando dele, quando ele sentindo a minha presença falou.
— Por favor, vai embora. Eu... Eu nem sei como olhar pra você devido a tudo o que eu te fiz, ontem também era eu. Só por sentir que era você eu fui embora. Eu não quis e nem quero te machucar, afinal você tem algo que me faz ter a sensação de confiança e sei que não contará pra ninguém.
Cheguei mais perto dele e me agachei, seu corpo tremia a sua respiração começava a voltar ao normal.
Procurei também me acalmar por tudo o que tinha visto e falei.
— Não se preocupe, eu não irei contar o seu segredo a ninguém. Agora venha me dê à mão, vou ver se alguma coisa que eu tenho guardado aqui no armário dá para você vestir.
O Ajudei a se levantar e abri o meu armário, a sorte é que eu tinha deixando uma bermuda e uma camiseta guardada.
Enquanto Ralph se vestia ele me confidenciava a sua história.
— Eu vim para esta cidade por que descobri que um tio meu distante veio morar aqui para fugir da maldição e pelo o que eu fiquei sabendo que há muitos anos ele não se transforma e eu quero saber o que devo fazer para poder ter uma vida normal. Ele também é um licantropo assim como eu.
Saímos do vestiário resolvi que não assistir aula aquela noite.
Perguntei como ele tinha conseguido se conter e voltar ao normal e meio sem jeito me disse que não sabia explicar direito, mas quando eu estava perto dele, o mesmo conseguia se controlar e também voltar ao normal, então eu não precisaria ficar com medo de ele me atacar, afinal estávamos juntos.
Ao chegarmos em frente ao sobradinho que Ralph morava, ele desceu da moto e já veio agradecendo por acolhê-lo e confiar nele.
Desde que tinha chegado à cidade não tinha feito nenhum amigo e as pessoas sempre se afastavam dele por ser diferente.
Nós estávamos parados um de frente para ao outro, seus olhos estavam tensos cheios de tristeza e para amenizar a tensão entre nós, eu toquei seu rosto, alisando as maçãs e os pelos que desenhavam o seu cavanhaque.
Ralph era uma pessoa solitária e carente, enquanto eu o acarinhava, ele deitou a cabeça sobre minha mão e sem eu perceber ele me puxou para junto dele e nos beijamos.
Foi tão inesperado e de repente que eu o soltei rapidamente.
Envergonhado por ter me beijado de repente Ralph me pediu desculpas.
Sem dizer nada, apenas montei na moto e fui embora.
Cheguei à minha casa e os acontecimentos dos últimos dias continuavam a pairar na minha cabeça, principalmente com a descoberta do Ralph em ser a besta e o nosso beijo tão repentino.
Pensei tanto e todas as situações que acabei adormecendo sentado sobre a TV.
Acordei assustado por volta de 3h45 da madrugada com um uivo solitário perto da minha rua.
Calcei apenas o par de chinelos e abri a porta na esperança de encontrar o Ralph outra vez transformado.
Mesmo com um pouco de medo no corpo e no coração fui em direção ao uivo.
Enquanto caminhava, pensava comigo.
“Será que o tio do Ralph é o Daniel? E por que será que ele nunca sequer havia comentado algo a respeito disso? Logo eu que tenho um respeito grande por ele.”
Dobrei a esquina e numa viela lá estava ele o lobisomem, ou melhor, o Ralph transformado naquele monstro.
Um jovem estava caído no chão e o monstro estava montado sobre o jovem que gritava desesperado pedindo ajuda, gritando por socorro.
Aproximei deles e mesmo com um pouco de medo gritei quase fraquejando.
— Ei!
Gritei para chamar a atenção dele.
— O deixa ir, vai embora, deixo-o em paz...
O licantropo virou-se imediatamente para mim, seus olhos vermelhos cheios de fúria e sede de sangue parecia não me reconhecer, enquanto eu o distraia, o jovem levantou-se e saio correndo desesperado tropeçando sobre os próprios pés e conseguiu fugir.
Aproximei dele e o chamei pelo nome, porém parecia não ser ele porque mesmo eu o chamando por Ralph, ele veio pra cima de mim para tentar me atacar e desmaiei.
Continua...
Esta é uma obra de ficção baseada na livre criação artística com compromisso com a realidade.
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®Erick Clark Oficial™



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